Escutar o silêncio se calar parecia meio contraditório para ela. Descobriu que não. Estava mais do que acostumada a escutar o barulho mesmo com o silêncio: as vozes gritavam algo que, para muitos, poderia ser inaudível, mas para ela era um grito; grito esse que machucava, que dilacerava. A maior dor que poderia sentir era quando tudo a sua volta não fazia barulho, porque seus pensamentos tinham espaço para ecoar. Procurava, de todas as formas, ocupar seu dia com coisas que não possuíam o menor sentido, a fim de que sua mente não se manifestasse.
Quando tudo à sua volta era um grande vazio, aquela flecha a atingia em cheio no peito. O escuro, então, era o seu pior inimigo. Aprendera a respeitá-lo, porém com muito temor. Temia todos os dias ficar sozinha com seus devaneios e, quando a noite chegava, encolhia-se na cama: já os esperava, aflita.
Um dia, outra voz invadiu seu coração em meio àquele barulho ensurdecedor - que, mesmo assim, era o único silêncio que ela conhecia. Parou para escutá-lo atentamente. E, de repente, tudo se calou. Só aquele som suave permanecia, só aquela voz falava e a enchia de silêncio, de paz. Escutou, aos poucos, a voz ir calando tudo dentro dela. Seus olhos se acostumaram à escuridão e ela parecia enxergar ali.
Todos os dias cultivava essa voz e a ouvia com atenção. E aquilo que conhecia como silêncio se calou. Sentiu-se invadida pela grandiosidade da quietude. Ela, que estava tão acostumada a chorar, começou a sorrir.
VÊNUS
segunda-feira, 4 de março de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Sem lógica
Nada me inspira.
O dia começou com uma brisa boa, calor agradável e, depois, chuva. Percorri todos os climas para encontrá-la [a inspiração]. Não a encontrei. O papel em que escrevo agora parece tão vazio que quase dá tristeza. Mas não: uma alegria fenomenal se instalou dentro de mim. E sinto falta de contá-la para o mundo.
Sensação gostosa esta de viver... Confundo-me entre escrever para viver e viver para escrever, porém acho que um pouquinho dos dois não me faz mal.
E vivo neste exato momento. Sorrio pelo simples prazer de sorrir - porque o que vale é a veracidade dele. Em pensamento, passo por cada detalhe da minha alegria. Mesmo assim, não os acho - esses detalhes não têm a menor explicação. Não me dói a falta de entendimento.
O que dói, afinal? Muita coisa ainda, mas a felicidade me blinda; encontrei o meu escudo. Não é uma fuga da dor, apenas um espaço para o sorriso - sem nenhuma lógica.
As minhas mãos escrevem sem que eu possa acompanhá-las. Aquela velha sensação de ser dominada pelas emoções e colocar o coração para escrever... Então me pego olhando para o texto, sem saber o que, de fato, saiu das minhas mãos. Irei reler, porém tenho a mais exata noção de que felicidade nenhuma pode se comparar à de tê-lo escrito.
domingo, 30 de dezembro de 2012
As surpresas mais lindas
Ou “O fim e o início” ou “Acerto de contas” ou “Quem é vivo
sempre aparece” ou “Oscilações” ou “Permanecer no Amor” ou “Um pouco de
racionalidade” ou “Poemas” ou “Dar uma pausa ao coração”. Não necessariamente
nessa ordem.
São 5 (cinco) páginas no Word. Eu entendo quem não quiser ler tudo. Essa postagem não contém nomes, quem quiser uma dica de CTRL+F para se achar aqui, é só me pedir.
O ano começou já me trazendo uma das minhas mais belas
surpresas: uma prima-irmã que eu não conhecia e que, em pouco tempo, tornou-se
tudo na minha vida. (Aliás, Hellen, o seu nome é o único que citarei aqui. E eu
estou morrendo de saudades.)
Eu nunca sei por onde começar a falar de 2012. Então,
começarei pelo fim. Um fim que se deu logo no início. O fim de uma história
linda, o fim daquelas promessas de casamento, o fim de um ano e sete meses. O
ano começou com um “mas eu acho que acabou”, com lágrimas no travesseiro e com
a sensação de que aquele tempo tinha sido muito pouco para o planejado. Eu
senti um vazio que me tirou do chão por algum tempo; vazio esse que eu nunca
havia sentido igual. Sentia-me oca. Daquele jeito bem meu de ser, eu achei que
não iria amar nunca mais. E aí entra uma das frases que mais me marcaram esse
ano: “Você parece que tem quarenta anos; fala como se já tivesse se casado e se
divorciado.” (obrigada, pessoa que me disse isso, acho que você sabe que é
você.)
Eu passei um tempo me questionando, perguntando o porquê de
tudo. Depois parei de perguntar. Decidi apenas aceitar tudo aquilo e me
conformar que ganhei uma ex-sogra/segunda mãe excelente e uma parte da família
que me era desconhecida mais excelente ainda. E eu não poderia querer nada mais
do que essas surpresas que Deus me
reservou.
O título principal dessa retrospectiva é “As surpresas mais
lindas” e não é à toa. Ô ano para me fazer conhecer gente linda. Depois do meu
começo um pouco triste, a felicidade veio, a tristeza veio também e depois a
felicidade e depois a tristeza. Uma oscilação de humor louca! As emoções
transbordando... Tiveram momentos em que a carga emocional ficou pesadíssima e
eu cansei. Enchi o saco de uns, parei de falar com outros e incluí no meu
vocabulário mais palavrões do que antes. Não, eu não me orgulho disso.
Após o término, o passado resolveu retornar. Um para ser
resolvido, o outro para apenas me lembrar que ainda existia. E, ainda, outros
dois para me fazer lembrar que nunca tinham sido passado, estiveram sempre no
presente. Foi assim que, regada a muita pizza de frango com catupiry, nós três
voltamos. Estamos grudadinhas de novo. E, na verdade, nunca tínhamos
desgrudado. Demos apenas uma pausa... Fim da pausa: quero-as para sempre.
Ao outro passado resolvido
eu volto depois. Ou não. Depende do meu humor.
E ainda outro que retornou diretamente da segunda série para
a minha vida foi um certo tocador de guitarras aí. Uma fofura só com os meus
textos... (Como posso te agradecer por todos os elogios de graça?). A gente
quase se viu no show do Maroon 5... Mentira, não foi quase, mas vou fingir que
foi. Eu agradeço pela boa vontade dele em tocar Visconde para mim. Eu sei que
um dia isso sai.
Agora posso começar com as minhas surpresas ainda não
conhecidas. Pessoas que chegaram somente para fazer meu ano de vestibular ficar
menos barra pesada; pessoas que mudaram a minha visão de mundo, que me mudaram
como pessoa e como escritora; pessoas que, com certeza, eu vou levar por muito
tempo e não apenas esse ano.
Ah, antes... Eu
conheci pessoalmente uma surpresa
esse ano também, mas eu já a conhecia e tive o prazer de tê-la em minha casa.
Sempre apreciei as amizades virtuais e todo mundo sabe disso; cultivei a nossa
amizade por seis anos e nunca conseguimos nos ver. Até aquele dia. No meio do
nada, ela me liga: “Aninha, eu estou por aqui, posso passar aí hoje?”. E aí ela
veio, e ficou... E nós tivemos aquelas milhares de conversas que tínhamos por
entre fios e cabos pessoalmente. Eu a vi sorrir! Gargalhei junto a ela e isso
não tem preço. Tudo que a nossa amizade enfrentou e a conquista que esse
encontro significou para nós só demonstra que ainda temos muito o que viver
juntas; que essa amizade por MSN, Orkut, Facebook e SMS também é real. Nós
somos reais. Eu a amo; e ela foi mais verdadeira todos esses anos por
computador do que muita gente foi por aí em três dimensões.
Então, as minhas surpresas. Primeiramente, o “viadinho do
olho verde que toca piano” (só porque você me disse que se identificaria se eu
colocasse isso), mas, na verdade, o melhor seria dizer que é o dono dos olhos
verdes mais lindos que eu já vi. E não digo isso apenas pela minha fixação em
olhos claros... Ele foi um dos grandes responsáveis pela minha mudança esse
ano, pela minha volta aos poemas e pela minha tentativa de saída da zona de
conforto. Exímio conhecedor de Drummond e Pessoa, posso chamá-lo facilmente de meu reflexo no espelho. Porque, como
sempre digo a ele: diferenças, nós temos muitas, mas o que me chama atenção são
as semelhanças, que são imensas. Um dia, ele me disse que gosta de se
identificar nos meus detalhes, consequentemente, me identifico nos dele e
vice-versa. Foi o indivíduo que me apresentou o Visconde, que deu asas a um dos
meus poemas mais bonitos; foi quem me fez ficar viciada em suas músicas e foi
quem me deu um dos presentes de aniversário mais lindos que eu já recebi. E não,
“Noites em claro” não perdeu seu significado pra mim. Nunca perderá. O que eu
posso dizer, por fim, é que escrevi muito esse ano e também por causa dele. E
que, além disso tudo, eu tenho uma admiração extrema por ele como escritor.
(“No lustre” nunca será superado, sinto muito.)
Como falei dos meus poemas, uma das minhas grandes
conquistas esse ano foi a volta aos braços dos versos e estrofes. Eu não achei
que fosse conseguir de novo depois de anos, mas um dia surgiu... Aquele tipo de
inspiração que eu não poderia deixar passar de forma alguma. E voltar a
poetizar foi uma sensação única, incrível, que me faz ter vontade de não parar
nunca mais. Porque afinal, eu nunca havia parado. “Um poeta nunca para de
poetizar” também me disseram, um dia.
Segunda surpresa, mas também não necessariamente nessa
ordem: a pessoa que me deu os abraços mais rápidos e mais significativos nas
minhas manhãs de trabalho. E que eu tive a honra de escutar que sou uma de suas
melhores amigas. Foi um achado incrível também! Talvez ele seja a pessoa mais
aleatória que eu já conheci, mas eu adoro as minhas risadas noturnas com nossos
assuntos nada a ver. Eu dei mais sorrisos depois dele.
Bem... Foi em sete de setembro (eu só lembro porque era uma
data importante) que conheci mais uma das minhas surpresas. Talvez a mais
surpreendente das surpresas. Foi do nada, apenas um “adicionar aos amigos” no
facebook, elogios ao blog... Mensagens e mais mensagens pelo celular,
telefonemas de madrugada, assuntos sem fim, gargalhadas altas às quatro horas
da manhã; a “pizza de pepperoni” que só ele sabe como se diz; a Praia de
Copacabana, a foto nas costas dele; a afinidade logo de cara, os conselhos do
tipo “Você acha que vai valer a pena contar? Ele vai poder fazer o que por
você?”; todos os toques em relação à minha escrita, todos os poemas lidos por
telefone, os girassóis, o poema da minha liberdade completamente inspirado em
um poema dele; ele dizendo que não ia me abandonar depois de três meses. E ele
não me abandonando depois de três meses. Eu me lembro bem dessa promessa. Nós
nos afastamos, mas eu sei que aquela ligação entre nós persiste ainda junto com
todos os “boa noite, se cuida, durma bem, sonhe com os anjos” e por trás de
todos os “coisa linda” que já dissemos um para o outro. Porque ele me ajudou no
meu primeiro passo a voltar a cantar e me deu a primeira experiência com violão
na praia; porque São Pedro foi muito camarada em abrir o sol para nós naquele
dia; porque não me parece estranho gostar tanto do seu All Star vermelho. E
também porque eu sei que parecemos velhos amigos e seremos sempre assim.
(Preciso te ver!!!!!)
Para honrar o título “Permanecer no Amor”, eis uma das
minhas surpresas mais agradáveis esse ano: meu retorno à Igreja. Tudo começou
em maio, naquele momento ainda um pouco sem chão, que eu não sabia muito bem o
que fazia no Encontro de Jovens “A Nova Onda”. Não me arrependo de ter ido e de
tudo que aprendi ali. Foi onde a minha fé se mostrou firme e forte pela
primeira vez no ano. E onde também eu conheci uma das pessoas mais importantes
na minha caminhada. Eu quis permanecer e não consegui, por outros motivos que
hoje percebo serem nada diante do amor que eu tinha e tenho para receber.
Com esse encontro, comecei a fazer parte da Pastoral Jovem
da Igreja, porém não ativamente – apenas participava do grupo no facebook. Um
dia, fui chamada para o retiro – e que
retiro! Encontrei o amor de Deus refletido em todos os cantos: nas paredes,
no chão, na grama, nos tetos e, principalmente, nas pessoas. Joguei fora um
coração velho e voltei transformada.
Ao voltar, recebi um convite irrecusável para fazer parte do
Ministério de Música. Conclusão? Voltei a cantar. Deus me pegou por uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Voltei
a cantar! E não poderia estar mais feliz.
Eu conheci pessoas, ao longo da minha curta caminhada, que
mudaram a minha perspectiva de mundo, que me mudaram e que me fizeram enxergar
um amor que antes eu não era capaz de enxergar. Agradeço a elas de todo o
coração, mas em especial a essas (que talvez leiam esse texto ou talvez não):
À minha irmã mais nova, que me ensinou tanto e que acreditou
no meu potencial vocal. Àquela que insistiu tanto para eu ir e que me fez
ficar. Àquela que eu conheci no Nova Onda e que, desde o primeiro abraço, já se
tornou especial. Àquela que tantas vezes me atura perguntando se ficou tudo
certo, se fiz tudo direitinho. Àquela que me orienta e que tem uma paciência
invejável comigo. Àquela que eu posso dizer que amo – e amo mesmo! –, apesar do
pouco tempo de convivência.
À primeira pessoa que me falou da minha voz. A ele, que me
ouviu esgoelar na missa e mesmo assim achou a minha voz bonita. A um amigo e
psicólogo (ninguém mandou você, um dia, me relevar isso), que me entende
exatamente com todas as minhas confusões e ainda me manda as músicas mais
lindas do mundo para me acalmar.
Àquele que, de fato, me colocou na banda, que me fez não um
convite, mas uma intimação para comparecer. Ao dono da voz mais linda que eu já
ouvi. Àquele que tem uma luz que eu muito admiro e que consegue passá-la a
todas as pessoas.
Ao meu mais novo irmão, o meu anjo, que me dá os abraços
mais calorosos que eu já recebi. Àquele que me deixou abraçá-lo quando eu
precisava e quando não precisava também; àquele que fez os elogios mais lindos
ao meu sorriso. Ao dono de uma sinceridade ímpar, que passa o sentimento
através dos olhos. A ele, que me acolheu de um jeito que eu nunca pensei ser
possível.
Ao meu Ministério
de Música, por me fazer voltar, por me fazer acreditar em mim e por acreditar
em mim; por toda a acolhida, por toda força, por toda a insistência para que eu
fosse; pela simpatia, pelos sorrisos e por tudo de bom que me proporcionaram
nesse final de ano.
Cabe aqui um
agradecimento especial a uma pessoa que não é surpresa. À minha mãe, por
sempre rezar por mim e por sempre torcer pela minha fé. A ela, que acreditou em
mim e que sempre soube que eu voltaria para a música.
A todas as pessoas da Igreja que fizeram com que tudo
valesse à pena.
Ao meu passado
resolvido eu volto depois? Não, não voltarei. Ele foi resolvido e permanece
passado. Só um breve agradecimento a todo carinho que ele me proporcionou esse
ano.
É muito válido falar também da minha aproximação de dois irmãos
escolhidos por mim. Não são da minha família, mas moram no meu coração. Nossas
saídas juntos, nossas risadas e nossas conversas só mostram que essa amizade
sobrevive a todos os anos que se colocam à nossa frente. Eu sou completamente
apaixonada por eles e a vida seria sem graça sem todos os erros de Português
dela e todas as piadas e ironias dele. Eu os amo.
E para terminar o meu ano, um Natal belíssimo: toda a família
reunida, rindo e fazendo bagunça e as presenças ilustríssimas da minha avó e
minhas primas. (E também a marmelada de ser tirada pelo meu pai no amigo
oculto.)
Agora... Por último, mas não menos importante: meu ano
escolar, meu ano de vestibular, meu ano de estudar... Enfim. Tudo isso. Mais
perto da colação – ou um pouco depois dela – eu voltarei detalhadamente a essa
turma e aos três anos passados. Como aqui cabe uma reflexão desse ano, vamos a
ela.
A minha turma não era uma turma. Todos se gostavam
individualmente, mas, como turma, não nos encaixávamos muito bem. Ao longo
desse ano, vi algo extraordinário acontecer: nos transformamos, nos juntamos.
E, hoje, tenho muito orgulho de dizer, somos
uma turma.
Conseguimos conciliar os interesses diferentes desse ano,
conseguimos nos unir, seja através do Máfia, seja através de qualquer coisa,
nós conseguimos! Eu vi crescer uma amizade e um sentimento lindo esse ano, que
não quero deixar escapar de forma alguma.
A última semana de aula foi um marco: chorei todos os dias
da semana, menos (ironicamente) na sexta, o último dia, pois não tinha caído a
ficha de que era realmente o último. Primeiro, o discurso lindo do Alexandre,
dizendo que nós nos tornamos parte do sobrenome dele. Discurso esse que passou
pela minha mente a semana inteira e sempre me ajudava a chorar. Depois, a
última aula com a Gilda, aquela coisa fofa! A Gilda foi um dos nossos presentes
esse ano.
E aquela quinta-feira... Ah, aquela quinta-feira! Depois de
um dos nossos lanchinhos deliciosos, nos abraçamos, cantamos todas aquelas
músicas antigas (e se deu a sacanagem de cantar “Por enquanto”), as músicas de
torcida, as nossas músicas e choramos. Muito. Com a despedida da Mari, com a
nossa despedida...
Na sexta, a última aula da minha vida: de português. Não
poderia ser mais perfeito e mais triste. As palavras da Marta sobre os nossos
trabalhos, os nossos trabalhos e a
minha felicidade em ter dado uma aula de português no meu último ano de colégio.
A nossa última foto... E a nossa comemoração na Lapa. Quanta coisa linda eu
ouvi ali!
Eu quero agradecer, de coração, a Tout Le Monde, que fez com
que esses últimos três anos no colégio valessem muito; que me divertiu, que me
fez rir horrores e que me fez entender que esse sentimento que temos ultrapassa
qualquer limite escolar. Agradeço-lhes por serem quem são e por se tornarem tão
especiais para mim.
E quero agradecer também às minhas Fifis maravilhosas, que
fizeram desses anos algo surpreendente, espetacular e divertido. Elas trouxeram
um sentido a todos os meus dias, foram a minha base para eu não cair, foram as
minhas lágrimas quando eu precisei chorar e o meu sorriso quando eu precisei
sorrir. Elas foram uns anjos, as melhores amigas que alguém poderia ter. E
tenho certeza que será sempre assim. Nós sete, coladinhas e sempre rindo,
sempre pagando mico, sempre juntas.
Elas me mostraram um lado maravilhoso da vida e eu fui muito mais feliz depois
de ter me aproximado delas. Todos os dias ao lado delas, apesar das
implicâncias, ironias, bullying etc, foram os melhores dias do mundo. Eu
sentirei uma falta imensa de aturá-las seis dias por semana. (Não me abandonem
nunca, tá?)
Isso foi meu ano.
Mas, na verdade, não representa nem metade do que realmente significou para
mim. Eu mudei muito, minha relação com as pessoas mudou. Eu ouvi esse ano “você
é muito simpática” e nunca pensei que estaria viva para ouvir isso. Também ouvi
que “você tem que pensar com o coração, e não com a razão” e nunca pensei que estaria
viva para ouvir isso. Ao final do ano, eu deixei um pouco as minhas paixões e o
meu coração acelerado de lado e resolvi me dedicar à minha felicidade e às
pessoas a minha volta que me são tão queridas.
Terminarei o ano cantando e dançando e passando o Reveillon
com as integrantes do meu lindo trio. Quer melhor final do que esse?
Eu acho difícil que um ano tão lindo, tão cheio de emoções,
de sentimentos, de brigas, de falhas, de enganos, de tristezas, de carinho, de
amor, de afeto, de fraternidade, de escrita, de leitura, de estudo, de
compaixão, de paixão e, principalmente, de surpresas seja superado por qualquer
outro. Porém sempre existem mais surpresas. E
eu mal posso esperar por elas!
Um 2013 abençoado e com muita arte para todos. Qualquer tipo
de arte.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
O(s) monstro(s)
O céu estava escuro
E as estrelas reluzentes.
Dentro de mim, um muro
Que não me deixava ver toda beleza.
Através da janela,
Um monstro me olhava.
No reflexo dela,
O monstro era eu.
Por sua feiura
Escapava toda loucura
Que escondi dentro de mim.
Os monstros eram meus medos
Que me acordavam logo cedo
E me faziam dormir tarde assim.
Todos os dias, após uma hora,
Eles gritavam face a face comigo
Que o tempo das máscaras acabava agora.
E eles nunca tinham fim.
O medo de amar, o medo do amor,
O medo da solidão e do desespero,
O medo da dor,
E o medo de que tudo se repetisse.
Eles me rondavam, me escolhiam.
No espelho, eram eles que eu via.
E, na vida, se escondiam.
Mascarados e sempre assustadores,
Criavam em mim angústias sem igual.
Acima de todos os temores,
Corroíam-me sempre que abria a guarda.
Através de janela,
Monstros me olhavam.
No reflexo dela,
O único monstro era eu.
(Talvez seja uma resposta ao "Medos", talvez não.)
E as estrelas reluzentes.
Dentro de mim, um muro
Que não me deixava ver toda beleza.
Através da janela,
Um monstro me olhava.
No reflexo dela,
O monstro era eu.
Por sua feiura
Escapava toda loucura
Que escondi dentro de mim.
Os monstros eram meus medos
Que me acordavam logo cedo
E me faziam dormir tarde assim.
Todos os dias, após uma hora,
Eles gritavam face a face comigo
Que o tempo das máscaras acabava agora.
E eles nunca tinham fim.
O medo de amar, o medo do amor,
O medo da solidão e do desespero,
O medo da dor,
E o medo de que tudo se repetisse.
Eles me rondavam, me escolhiam.
No espelho, eram eles que eu via.
E, na vida, se escondiam.
Mascarados e sempre assustadores,
Criavam em mim angústias sem igual.
Acima de todos os temores,
Corroíam-me sempre que abria a guarda.
Através de janela,
Monstros me olhavam.
No reflexo dela,
O único monstro era eu.
(Talvez seja uma resposta ao "Medos", talvez não.)
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Palavras, apenas palavras
E eis que as palavras passam pelos meus ouvidos e chegam ao meu coração de forma diferente. As tais barreiras geográficas me remetem às minhas próprias barreiras, físicas e comportamentais.
Meu interior não se cansa de palavras e meu corpo até mesmo clama por elas. Elas não vêm, simplesmente jorram. Enlevam-me e embalam-me pelo conhecido e também desconhecido. Elas parecem fazer parte do meu ser e correr por veias e artérias assim como o sangue, oxigenando meu corpo; têm, para mim, um sentido incomum: as letras são a minha porta para o paraíso e cada vírgula é uma pausa que leva à reflexão da grandiosidade delas.
Aula de Biologia - Obrigada, Sidney, pelas "barreiras geográficas".
Meu interior não se cansa de palavras e meu corpo até mesmo clama por elas. Elas não vêm, simplesmente jorram. Enlevam-me e embalam-me pelo conhecido e também desconhecido. Elas parecem fazer parte do meu ser e correr por veias e artérias assim como o sangue, oxigenando meu corpo; têm, para mim, um sentido incomum: as letras são a minha porta para o paraíso e cada vírgula é uma pausa que leva à reflexão da grandiosidade delas.
Aula de Biologia - Obrigada, Sidney, pelas "barreiras geográficas".
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
O fim do ciclo
Colocar as tensões para fora, pôr o nervosismo em uma tela e não apenas guardá-lo dentro de mim. Depositar as ondas de sentimentos que me invadem agora. Por entre história, biologia, física, química e geografia, aqui estou eu novamente: nas Letras, de onde nunca saí. Ainda bem, porque senão suportar seria muito mais difícil.
É o último ano - e, meu Deus, já?! Já. Ouvi tantas frases repetidas esse ano, tantas palavras iguais. Não posso dizer que me cansei, porque queria que isso durasse para sempre. Não isso, vestibular. Mas isso, vida escolar. Porque de estudos, livros e vestibular, já estou saturada. Desde o primeiro ano ouvindo essa palavra e pensando que era uma realidade muito distante.
Distante ou não naquela época, ela está aqui hoje. E faz questão de me lembrar a cada dia. Vestibular, vestibular, vestibular. O seu futuro. Sim, o meu futuro nas mãos de uma única prova. Incrivelmente, isso não me assusta. Não estou com medo. Estou confiante e talvez isso seja apenas uma máscara, mas que seja! Se conseguir disfarçar a ansiedade, já está bom demais.
E não vale a pena pensar que o Brasil inteiro está junto comigo nessa... São várias histórias diferentes, realidades diferentes, classes diferentes e personalidades diferentes que se juntam em diversas salas espalhadas pelo Brasil, na mesma hora, no mesmo dia, para realizar a mesma prova. E qual o objetivo disso tudo, afinal? Empregos, vida confortável... O quê?! Eu não sei. Mas estamos todos encaixados nisso de uma forma que escapar não parece possível. E, bem lá no fundo, não queremos escapar.
São quatro horas e meia em um sábado e cinco horas e meia no domingo. Cento e oitenta questões que vão medir o quanto sua vida escolar inteira te deu de conhecimento. Ou não. Múltiplas escolhas não medem conhecimento. "É uma prova de resistência", como ouvi essa frase! É, de fato, uma prova de resistência e talvez o maior desafio seja ficar sentado na cadeira desconfortável sem poder falar - o que, para mim, é uma enorme dificuldade - por horas e horas. Pelo menos podemos comer... É.
Fato é que essa nova etapa da vida ou fechamento do ciclo, como eu gosto de dizer, exige muita coragem. Existem pessoas que estão preparadas e outras não. E cada um tem seu tempo. De qualquer forma, é realmente muita responsabilidade para um adolescente decidir que carreira quer seguir no auge dos momentos de diversão. Mas é assim. E por que é assim? Não sei.
O que eu espero é que cada segundo valha a pena no final. E não para poder dizer "Caramba, como sou inteligente", mas para poder ter certeza de que fechei o ciclo com maestria. Não pela bagagem de fórmulas e coisas decoradas que meu cérebro acumulou, mas pela vivência e pelo caráter que todos esses anos me deram; pela quantidade de sorrisos que dei, mesmo em momentos de desespero e pelo apoio que tive, de todos os meus amigos, durante esses anos.
O Exame Nacional do Ensino Médio não é um bicho de sete cabeças. É apenas o começo de um novo mundo, que se abre pelo SISU e perpetua qualquer universidade que possamos escolher.
Tenho certeza que deixarei a escola, mas ela não sairá de mim jamais.
(E boa tarde, UFRJ. Me aguarde, pois estou chegando!)
É o último ano - e, meu Deus, já?! Já. Ouvi tantas frases repetidas esse ano, tantas palavras iguais. Não posso dizer que me cansei, porque queria que isso durasse para sempre. Não isso, vestibular. Mas isso, vida escolar. Porque de estudos, livros e vestibular, já estou saturada. Desde o primeiro ano ouvindo essa palavra e pensando que era uma realidade muito distante.
Distante ou não naquela época, ela está aqui hoje. E faz questão de me lembrar a cada dia. Vestibular, vestibular, vestibular. O seu futuro. Sim, o meu futuro nas mãos de uma única prova. Incrivelmente, isso não me assusta. Não estou com medo. Estou confiante e talvez isso seja apenas uma máscara, mas que seja! Se conseguir disfarçar a ansiedade, já está bom demais.
E não vale a pena pensar que o Brasil inteiro está junto comigo nessa... São várias histórias diferentes, realidades diferentes, classes diferentes e personalidades diferentes que se juntam em diversas salas espalhadas pelo Brasil, na mesma hora, no mesmo dia, para realizar a mesma prova. E qual o objetivo disso tudo, afinal? Empregos, vida confortável... O quê?! Eu não sei. Mas estamos todos encaixados nisso de uma forma que escapar não parece possível. E, bem lá no fundo, não queremos escapar.
São quatro horas e meia em um sábado e cinco horas e meia no domingo. Cento e oitenta questões que vão medir o quanto sua vida escolar inteira te deu de conhecimento. Ou não. Múltiplas escolhas não medem conhecimento. "É uma prova de resistência", como ouvi essa frase! É, de fato, uma prova de resistência e talvez o maior desafio seja ficar sentado na cadeira desconfortável sem poder falar - o que, para mim, é uma enorme dificuldade - por horas e horas. Pelo menos podemos comer... É.
Fato é que essa nova etapa da vida ou fechamento do ciclo, como eu gosto de dizer, exige muita coragem. Existem pessoas que estão preparadas e outras não. E cada um tem seu tempo. De qualquer forma, é realmente muita responsabilidade para um adolescente decidir que carreira quer seguir no auge dos momentos de diversão. Mas é assim. E por que é assim? Não sei.
O que eu espero é que cada segundo valha a pena no final. E não para poder dizer "Caramba, como sou inteligente", mas para poder ter certeza de que fechei o ciclo com maestria. Não pela bagagem de fórmulas e coisas decoradas que meu cérebro acumulou, mas pela vivência e pelo caráter que todos esses anos me deram; pela quantidade de sorrisos que dei, mesmo em momentos de desespero e pelo apoio que tive, de todos os meus amigos, durante esses anos.
O Exame Nacional do Ensino Médio não é um bicho de sete cabeças. É apenas o começo de um novo mundo, que se abre pelo SISU e perpetua qualquer universidade que possamos escolher.
Tenho certeza que deixarei a escola, mas ela não sairá de mim jamais.
(E boa tarde, UFRJ. Me aguarde, pois estou chegando!)
domingo, 28 de outubro de 2012
Girassóis brilhantes
Silêncio.
Há um novo caminho à sua frente.
A linha do horizonte se moldou aos seus olhos
para que você pudesse novamente se guiar.
Silêncio.
Escute o canto dos pássaros,
as cigarras que brincam
anunciando o Sol que logo vem.
Silêncio.
Abra os olhos!
Há um campo florido bem ali.
Ali mesmo, dentro e fora de você.
Margaridas, begônias, violetas,
rosas vermelhas e rosas.
E girassóis.
Um Sol amarelo que cumprimenta os girassóis
e os acaricia num gesto digno de encantamento.
Os girassóis, em agradecimento, se viram
e vão se virando conforme o Sol vai andando.
Eles brilham tanto quanto o Sol
tão amarelos quanto a música
da Cidade Negra revela.
E seguindo o sol, buscando-o,
querendo-o
vão pintando em sua janela
a paisagem mais bonita.
Ela te sussurra:
- Há uma saída.
Experimente a janela.
Através dela o céu tão azul,
azul como você nunca viu.
Azul-céu, azul anil,
que vai se modificando conforme o Sol
vai se pondo.
Um azul
que nunca foi possível se ver
nos olhos de ninguém.
Aquele azul é seu.
E dos girassóis.
Os girassóis capturam o azul,
o amarelo, todas as cores em volta.
E te sussurram:
- Você se encontrou.
Mas há - sempre haverá!
pedras no caminho,
como disse, um dia, Drummond.
E entre as pedras, há de nascer
quem sabe uma única vez
uma flor.
Que tal um girassol?
(Especialmente pro Math, pela paixão por girassóis e pelo poema lindo que me inspirou.)
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